22 outubro 2007

Flash Fiction de Segunda

Carlos estava atrasado novamente. Com raiva, pisou no freio subitamente! Merda, a porra do sinal já estava vermelho! Onda verde nada, deviam chamar de onda vermelha! Pensou ele, examinando o Rolex..

Como de costume, os pivetes logo cercaram o carro, duas meninas vendiam chicletes, um pivete fazia “malabarismos” com cabos de vassoura cortados, um verdadeiro show, Show de horror.

Os devaneios de Carlos foram interrompidos por uma batida insistente em seu vidro, um garoto negro, de uns 6 anos, vestindo uma touca vermelha e apoiado numa muleta balbuciava algo. Carolos fingiu que não viu. O semáforo mudou para verde, Carlos arrancou tão rápido que até cantou pneu. Olhou pelo retrovisor e viu o moleque fazendo um sinal tão antigo quanto o Descobrimento.

Carlo aumentou rádio, queria ouvir a situação do trânsito, enquanto mexia no dial ouviu uma voz infantil “Porque você saiu correndo? Eu queria falar com você!”. O susto foi tão grande que Carlos quase perdeu o controle do vectra. Freando com força, viu o garoto da muleta no banco de trás, o garoto sorria, pipando um cachimbo.”Como você entrou aqui seu crackeiro! Você tá louco moleque?” exclamou Carlos. O garoto tirou o cachimbo da boca e com um estranho olhar disse: “Nah, eu não to louco não, eu queria pedir uma esmola, pra comprar comida para a minha amiga, sabe como é, ela tá com fome, mas acho que você tava com muita pressa né? Não tem problema, minha amiga diz que desse jeito é mais gostoso...”

“Que porra de amiga? Que que você tá falando seu drogado? Eu vou chamar a po...” Nesse momento Carlos percebeu que havia alguém no banco de passageiros ao seu lado, a última visão que teve nessa vida foi a de grandes dentes de jacaré avançando sobre ele.

Um comentário:

Marcos Bonilha disse...

Conto moderno com o Saci e a Cuca?